Auto tune: milagre tecnológico ou o fim da voz natural?
O auto tune consegue pôr quem quer que seja no pitch certo, porém não consegue dar a sensação, o estilo e o gosto que é preciso para se ser um verdadeiro artista.
Primeiramente há que entender o que é que o auto tune, faz na realidade. O auto tune é um software criado em 1997 por Andy Hildebrand, um engenheiro que queria usar algoritmos para encontrar petróleo, mas que acabou a revolucionar a música!
De forma simples, ele corrige a afinação da voz, levando-a automaticamente para a nota certa. Dependendo do ajuste, pode ser usado de forma subtil (quase invisível ao ouvido) ou como um efeito forte e metálico, imortalizado por Cher em "Believe" e, mais tarde, levado ao extremo por artistas como T-Pain e Travis Scott.
Para uns, é o toque de mágica que eleva qualquer voz a um patamar celestial; para outros, é a razão pela qual os artistas soam cada vez mais robóticos e idênticos. Mas afinal, o auto tune veio trazer o quê à música? Melhorou ou estragou?
Para começar, o auto tune democratizou a produção musical. Se antes um artista precisava de anos de treino vocal para soar bem no estúdio, hoje basta um bom engenheiro de som e um toque de auto tune para afinar qualquer desafinação. Isto não significa necessariamente que a música perde qualidade, mas sim que a tecnologia tornou o processo mais acessível.
Além disso, o auto tune permitiu a criação de estéticas musicais novas. O hip-hop moderno e o trap, por exemplo, utilizam-no como uma ferramenta artística e não apenas como um corretor de erros, gerando uma sonoridade que já é parte da identidade de vários artistas.
O grande problema do auto tune é uma linha tênue entre ajudar e disfarçar. Muitos argumentam que a ferramenta permitiu que artistas sem talento vocal brilhassem apenas graças à tecnologia, levantando questões sobre autenticidade. Afinal, se todos podem soar "perfeitos", onde fica a expressão e a imperfeição humana que torna a música tão especial?
Para além disso, o abuso do auto tune pode criar um efeito de "pasteurização" da música, parecendo tudo igual. Quantas vezes já ouviste uma música nova na rádio e tiveste dificuldade em perceber quem era o artista? Pois é, a culpa pode ser do auto tune.
A resposta à pergunta colocada no título a fim de ter mais clics é: depende de como é utilizado. O auto tune é apenas uma ferramenta, e como qualquer ferramenta, está nas mãos do artista e do produtor decidir se a utilizam para realçar a criatividade ou para mascarar limitações. O importante é que, no meio da afinação perfeita, a música não perca aquilo que sempre a tornou especial: emoção e identidade.
Tudo em demasia enjoa. Sendo esta ferramenta parte da norma e não da exceção, o tom perfeito enjoa. A melhor maneira de ver se um artista realmente tem uma boa voz, é vê-lo a atuar ou tendo a capacidade, ouvir a cappela . Agora será que o futuro da música passa por mais tecnologia ou por um regresso às vozes cruas e naturais?
