Todos os concertos estão esgotados
Com mais concertos em Portugal, o aumento da revenda de bilhetes anda de mão dada. As filas para os bilhetes nunca estiveram tão vazias, mas nunca houve tanto fluxo de compra e venda.
Nos últimos anos, Portugal tem-se afirmado como um destino de eleição para artistas internacionais, resultando numa crescente procura por bilhetes de concertos. Esta tendência tem levado a que muitos espetáculos esgotem rapidamente, deixando os fãs sem acesso aos eventos desejados.
A inclusão de Portugal nas digressões de artistas de renome mundial tem aumentado significativamente. Kendrick Lamar, que atuará em Portugal em 2025, esgotou os bilhetes no próprio dia em que foram postos à venda. Post Malone, com concerto marcado para setembro deste ano, já só tem os últimos bilhetes disponíveis. Taylor Swift vendeu 10 milhões de ingressos na sua última tour mundial, e os Coldplay conseguiram esgotar 200 mil bilhetes para os seus quatro concertos em Coimbra, em maio de 2023. Este fenómeno demonstra o entusiasmo do público português e o seu apetite por grandes eventos musicais.
Apesar da crescente procura por concertos, a oferta de espaços capazes de receber multidões mantém-se relativamente limitada. Portugal conta com recintos como o Estádio da Luz com capacidade para cerca de 65 mil pessoas, o Estádio do Dragão capaz de receber 50 mil e o Estádio Cidade de Coimbra com a capacidade máxima de 30 mil, que têm sido palco para os maiores espetáculos internacionais. Além disso, a MEO Arena, com capacidade para 20 mil espectadores, continua a ser a maior sala de espetáculos indoor do país. No entanto, a limitação de datas disponíveis e a procura massiva fazem com que os bilhetes desapareçam num instante.
Por outro lado, os grandes festivais portugueses, como o Meo Kalorama, o Rock in Rio Lisboa, o Primavera Sound, NOS Alive, e o Super Bock Super Rock, ajudam a suprimir esta necessidade ao trazer múltiplos artistas de renome num só evento.
A crescente procura por bilhetes tem fomentado uma cultura de revenda, muitas vezes a preços inflacionados. Embora a revenda de bilhetes acima do preço original seja considerada crime de especulação em Portugal, punível com pena de prisão até três anos e multa não inferior a 100 dias, a prática persiste, especialmente através de plataformas online. Recentemente, a banda Oasis cancelou milhares de bilhetes suspeitos de terem sido comprados por bots para revenda, refletindo um esforço crescente contra estas práticas abusivas.
O público português é reconhecido internacionalmente pela sua hospitalidade e paixão durante os concertos, o que torna o país atrativo para artistas e promotores. Esta reputação positiva incentiva a realização de mais eventos de grande escala em Portugal e contribui para que os bilhetes esgotem rapidamente.
Mas não são só os artistas internacionais que mobilizam multidões. Grandes nomes da música nacional, como Xutos e Pontapés, continuam a lotar a maior sala de espetáculos do país após 45 anos de carreira. O rapper Dillaz esgotou o coliseu dos Recreios para o o seu espetáculo a 21 de março, enquanto Plutonio tem dois concertos esgotados na MEO arena a 28 de fevereiro e 3 de março.
A crescente popularidade de Portugal como destino musical levanta a questão: o país está preparado para responder a esta procura? Para garantir um acesso mais justo aos bilhetes, será necessário um combate mais eficaz à revenda ilegal e, possivelmente, um reforço das infraestruturas existentes. Com o aumento da procura, poderia ser benéfico expandir ou modernizar recintos para acomodar um público cada vez maior. O entusiasmo dos portugueses pela música continua a crescer – e a indústria dos espetáculos terá de acompanhar o ritmo.
Fontes:
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