Mas afinal quem é Bad Bunny?
O porto-riquenho que virou ícone global e redefiniu a música latina.
Benito Antonio Martínez Ocasio, mais conhecido pelo nome artístico Bad Bunny, nasceu a 10 de março de 1994 em Vega Baja, uma pequena cidade de Porto Rico. De empacotador num supermercado a fenómeno global da música, o percurso de Bad Bunny é, acima de tudo, uma história de autenticidade. Em apenas alguns anos, o artista porto-riquenho tornou-se um dos maiores nomes da música urbana mundial, ao quebrar recordes históricos, dominando as tabelas globais e deixou uma marca inconfundível na cultura pop e latina do século XXI.
O início da sua carreira foi, como tantos outros na era digital, na plataforma de streaming laranja com uma nuvem no meio. Enquanto estudava comunicação audiovisual na Universidade de Porto Rico, Benito publicava faixas caseiras produzidas no quarto, uma delas chamou a atenção de um produtor da produtora Hear This Music. Pouco tempo depois, assinava um contrato e lançava, em 2016, o single “Diles”, que começou a criar burburinho no circuito urbano. A partir daí, foi um crescimento vertiginoso.
Bad Bunny distingue-se pela sua versatilidade artística e pela coragem de experimentar. O seu primeiro álbum de estúdio, X 100PRE, lançado em 2018, já deixava claro que não se tratava de mais um cantor de reggaeton. Era um artista disposto a misturar trap, rock, pop punk, baladas românticas e, claro, o reggaeton tradicional. O disco foi aclamado pela crítica e garantiu-lhe presença nas listas de melhores álbuns do ano da Billboard e da Rolling Stone.
Nesse mesmo ano (2018) antes de lançar o seu primeiro albúm, já tinha lançado vários bangers estratosféricos, entre eles, “MÍA” com Drake.
Seguiu-se OASIS (2019), um álbum colaborativo com J Balvin que consolidou o domínio da dupla nas pistas de dança. Mas seria com YHLQMDLG (2020), um acrónimo para “Yo Hago Lo Que Me Da La Gana” que Bad Bunny daria o salto para o estrelato global. O álbum tornou-se o disco em espanhol com melhor desempenho até então nos tops dos Estados Unidos, e reforçou a ideia de que a língua não é uma barreira quando se tem uma estética e uma sonoridade com apelo verdadeiramente global.
Nesse mesmo ano (2020) lançou um álbum sem qualquer rollout, ou aviso. Intitulada “Las Que No Iban a Salir”, mostra uma compilação de canções que como o título indicam, não iam ser publicadas.
Mas Benito não se ficou por aí no ano de 2020, voltou a surpreendeu ao lançar “El Último Tour del Mundo”, que fez história como o primeiro álbum totalmente em espanhol a atingir o primeiro lugar da Billboard 200. Era oficial: o mundo já não só ouvia música em espanhol, queria-a. E Bad Bunny era a sua voz principal.
Em 2022, lançou Un Verano Sin Ti, um disco que combinava faixas dançantes com momentos mais introspetivos, que se tornaria o álbum mais ouvido do ano na plataforma de streaming verde com três tracinhos no meio, a nível mundial. Com sucessos globais como “Tití Me Preguntó”, “Me Fui de Vacaciones”, “Me Porto Bonito”, Moscow Mule”, “Otro Entardecer”, “Callaita” e “Ojitos Lindos”, o álbum permaneceu durante 13 semanas no topo da Billboard 200, feito raro para qualquer artista e inédito para um cantor latino.
Mas Benito não se limitou à música. A sua presença expandiu-se para a moda, o cinema e até o wrestling profissional. Fez parte do elenco do filme “Bullet Train”, ao lado de Brad Pitt, desfilou para marcas como Gucci e aparece no ringue da WWE, recebendo aplausos pela entrega e carisma. Bad Bunny tornou-se, mais do que um artista, um ícone multifacetado.
Em 2023, lançou Nadie Sabe Lo Que Va a Pasar Mañana, um álbum mais introspetivo, melancólico e experimental, onde refletia sobre fama, identidade e solidão. Neste álbum há uma música, intitulada “Europa” onde se ouve um áudio do aeroporto a informar quer os voos para a Europa foram cancelados, porém a semana passada o áudio foi alterado, e agora pode-se ouvir o aviso do aeroporto a informar que os voos para a Europa já se encontram disponíveis, o que pode indicar uma possível tour Europeia de Bad Bunny.
As batidas dançantes deram lugar a atmosferas mais densas e letras mais cruas. A crítica dividiu-se, mas o público continuou a segui-lo fielmente e Benito não deixou de entregar grandes performances, como “Monaco”.
Já em janeiro deste ano, voltou às origens com Debí Tirar Más Fotos, um álbum em que homenageia de forma explícita a cultura porto-riquenha. Incorporando géneros tradicionais como salsa, plena e bolero, Bad Bunny abre espaço para a nostalgia e para as memórias, com letras que evocam infância, relações familiares e as transformações sociais da sua terra natal. O álbum também aborda temas como a gentrificação, a diáspora e a identidade de origem das caraíbas, posicionando-se como um manifesto cultural num momento em que Porto Rico atravessa mudanças profundas. A crítica desta vez, quase unânime apontou o disco como o seu trabalho mais maduro até agora.
Para além dos números (3 Grammys, 11 Latin Grammys, dezenas de milhões de ouvintes mensais), Bad Bunny representa algo maior: a celebração da língua espanhola e da cultura latina numa indústria historicamente dominada pelo inglês. Foi o artista mais ouvido da plataforma de streaming verde com 3 traços no meio em 2020, 2021 e 2022, tornando-se o primeiro cantor não anglófono a conseguir tal feito três anos seguidos.
A sua influência vai para além da música. É um símbolo de liberdade estética, quebrando normas de género com os seus looks arrojados, unhas pintadas e figurinos que desafiam o binário. Em várias entrevistas, Bad Bunny tem insistindo na importância de ser verdadeiro consigo mesmo e com a sua arte mesmo que isso signifique ir contra as expectativas do mercado.
Hoje, aos 31 anos, Bad Bunny é mais do que uma estrela: é um fenómeno cultural. Um artista que usa a sua plataforma para exaltar as raízes, desafiar os padrões e aproximar mundos. E, se há algo que aprendeu ao longo do caminho, é que fazer “o que lhe dá na gana” pode mesmo mudar o mundo.
